Se voltássemos no tempo a dois mil anos atrás, precisamente na Palestina, encontraríamos uma pequena cidade com casinhas rústicas encravadas na encosta dos morros chamada Nazaré, lugar de repouso obrigatório às caravanas que vinham de Damasco e de Jerusalém.
A cidade ficava na região da Judéia e era rodeada por olivais e vinhedos. Seus habitantes, sobretudo os mais pobres, andavam descalços e usavam uma túnica amarrada à cintura por um cadarço de linho.
E entre o vai e vem da multidão pelas ruas estreitas, misturavam-se sírios, fenícios, babilônicos e gregos estabelecendo um mercado a céu aberto. Tendas de ferreiros e artífices trabalhavam para atender as caravanas, e entre elas, uma humilde carpintaria servia de refúgio para um menino 13 anos que deveria ficar longe dos olhos e dos ouvidos dos poderosos de sua época.
Esse menino extraordinário, mesmo com pouca idade, já era instruído na Tora e dominava os princípios da metafísica, alquimia e astrologia transmitida a ele por três magos vindos do oriente. Por consequência, sabia ler e escrever em aramaico, assim como nos principais idiomas dos povos que transitavam pela Judéia.
Se avançarmos vinte anos à frente o encontraremos homem feito com a idade de 33 anos, gozando de plenas faculdades intelectuais e espirituais. Nessa época Ele já seria conhecido em toda a palestina, assim como nos países vizinhos, como o “Messias” prometido pelas Antigas Escrituras. A sua fama se espalhara por causa de seus feitos de amor e caridade junto aos pobres e desvalidos da região e também pelos milagres que realizava sem cobrar nenhum talento. Para reconhecê-lo era fácil, pois andava acompanhado por 12 apóstolos, mas o que chamava a atenção era a candura do seu olhar.
O final desta história todos nós conhecemos: Ele foi traído por um amigo. Foi julgado por governantes corruptos e submetido ao suplício. Depois foi humilhado perante o povo e por fim foi crucificado, morto e sepultado… Desde então muito se escreveu sobre Ele, “o Cordeiro de Deus que veio tirar os pecados do mundo”.
Contudo, sabendo que Jesus era um espírito erudito, cabe perguntar por que Ele não escreveu uma linha sequer sobre o evangelho que tanto pregava? Conhecendo o seu rebanho e prevendo as deturpações que sofreriam seus ensinamentos; a mistificação religiosa de suas parábolas; e a exploração comercial de relíquias e documentos fez o Mestre optar por transmitir seus ensinamentos somente de forma oral.
Essa cegueira espiritual da qual a humanidade padece, foi a mesma que ergueu as fogueiras da Inquisição Espanhola e inebriou por séculos o despertar humano para uma vida espiritual saudável, repleta de ensinamentos e descobertas.
Por exemplo, o Auto de Fé de Barcelona que ocorreu no dia 9 de outubro de 1861, na esplanada da cidade onde eram executados os criminosos condenados ao último suplício. Ali, mais uma vez foi palco da intolerância e da perseguição promovida pelo clero espanhol, que motivou a queima de trezentos volumes de brochuras sobre o Espiritismo, a saber: O Livro dos Espíritos de Allan Kardec.
Seja como for, esses atos infames nunca repercutiram a favor dos opressores. Ao contrário, assim como o Auto-de-fé de Barcelona contribuiu poderosamente para propagar as ideias espíritas, as perseguições aos primeiros cristão cristalizaram no coração de homens e mulheres o Evangelho do Mestre Jesus.
Cabe a nós colocar em prática tais ensinamentos e fazer valer em nossas atitudes o mais importante ensinamento de Jesus: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”! Assim, só assim conseguiremos transformar o mundo naquela terra abençoada e prometida aos mansos de coração.
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